Revista ConstruChemical - Edição 14 - page 43

REVISTA
CONSTRU
CHEMICAL
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artigo
Aconstruçãocivil diantedas
manifestações contrárias
*Alexandre Serpa
Umaperguntapaira sobre todos os brasileiros, nos últimos anos. E semuma res-
posta satisfatória.OBrasil estariaprontopara investirnaCopa, frente às suas carên-
cias sociais?Ninguém pode negar, porém, que ummegaevento dessa natureza vem
trazendobenefícios, não sódopontodevistadeexposiçãoda imagemdenossopaís,
bem como incentivaumaaceleraçãode investimentos “engargalados”hámuito tem-
po, quefinalmentepodem sematerializaremgrandesempreendimentos.
Bastaobservarovolumedeobrasquese iniciaramhácercade trêsanos, envolven-
donãoapenasestádios,mas todaa infraestruturanecessáriaparaatenderaoaumento
nademandadeusuário, como aeroportos, portos, rodovias,mobilidadeurbana, ho-
téis e, obviamente,moradias. Estima-sequeovalorde investimentos totais chegaráa
R$142,4bilhões, sendoqueR$18,2bilhõesrepresentamovalordos impostosarreca-
dados.Essemontantecobreasconcessõesparaportoseaeroportos, investimentosem
novas linhasdemetrô, sistemasdeviaspúblicasdealtavelocidadeparaônibus, entre
tantosoutros.
A euforia e as esperanças advindas da decisão de colocar o Brasil como sede de
grandeseventosesportivosgerou, também,nesteprimeirosemestrede2014, aconso-
lidaçãodos investimentosem infraestrutura,assimcomo já testemunhamosaconclu-
sãodemuitos estádios ehotéis. Simultaneamente, porém, convivemos comosmovi-
mentos populares e tantasmanifestações que continuam aocorrer em todooBrasil.
Enestecontexto,nãopodemosesquecerosprojetosemandamentonoRiode Janeiro
paraatenderàrealizaçãodasOlimpíadasde2016.Oquepoderácontribuircomnovos
movimentos,novasmanifestaçõese,portanto,novosquestionamentos.
Apesardasopiniões contrárias, precisamos admitiroquantoumeventoesportivo
acarretaganhosadeterminadossetores,nãoapenasàscidadessedeseaoseuentorno,
mas à economianacional.No topoda listados setoresbeneficiados coma realização
desseeventomundial estáa indústriadaconstruçãocivil.Eo fatoé inegável: segundo
estudos realizadospeloSebrae, noperíodode2010a2014 sãoesperadosumvolume
deR$18,5bilhões, gerados pelaproduçãodenovas obras. Projetos que agregamva-
lor aos equipamentospúblicos locais epossibilitammelhorqualidadedevida, novos
empreendimentos e oportunidades aos brasileiros que residem e trabalham nessas
regiões. Porque umpaís, com a proporçãodoBrasil, nãopode permanecer estático.
Perdemosmilhõesdereais todososdiasemconsequênciada faltadeeficiênciadesses
modais.
Hoje já observamos evoluções, em diferentes regiões, onde parte das demandas
provém do setor hoteleiro e novasmoradias. Essa influência se destaca nas regiões
onde estão as 12 cidades-sedes domundial, comdestaque para oRiode Janeiro/RJ,
São Paulo/SP e Curitiba/PR, que sempre figuram entre asmais citadas, exatamente
porquepossuemosmaioresproblemas,naproporçãode suagrandeza.
Claro que a partir domomento que decidimos promover eventos destamagni-
tude, fica impossível projetar ou avançar nas áreas sociais. E é importante ouvir a
comunidade, nesteaspecto.Porque temosmuitoa realizar, não sódopontodevista
estrutural, mas tambémno que diz respeito à geração de empregos emanutenção
da renda, da saúde e demoradias. Dar continuidade ao pós-evento e às obras de
infraestrutura certamente darão aoBrasil mais visibilidade perante a comunidade
internacional,mas sobretudo frenteaosbrasileiros, quemerecem serogrande foco
das atenções, em todos osmomentos. E, claro, novos projetos sempre terão a con-
tribuiçãoda indústriadaconstruçãocivil, gerandonãoapenasnovos investimentos,
mas tambémmaior confiança dian-
te dos governantes. Enfim, chegou a
horade fazer a “coisacerta”.
A indústria sabe o que deve ser
feito. Após conviver comperíodos de
muitas certezas e incertezas, a indús-
tria brasileira adquiriuuma agilidade
única. Reage rapidamente a investi-
mentos econômicos. À medida que
cresceoconsumo interno, a indústria
produz mais. E todos nós sabemos
que incentivos na construção afetam
diretamente o nosso setor. Embora
tenhamos um déficit habitacional na
ordem de 5 milhões de unidades, é
evidente anecessidadedeum esforço
porpartedo setorprivado egoverna-
mental.
A reduçãoda inflação traz redução
dataxade juros,daganhosaosalárioe
estimulao investimentoeoconsumo.
Uma equação simples, que favorece a
economia de forma global. Em nos-
sa empresa, continuamos investindo
no mercado, mantendo nosso posi-
cionamento otimista, porém realista.
Precisamos acreditar no potencial do
Brasil, representado na presença de
cada parceiro, de cada colaborador
que hoje atua na economia nacional.
Porqueéprecisocontinuarconstruin-
do e crescendo, antes, durante e após
qualquergrandeevento.
* Alexandre Serpa é diretor da Ex-
pambox, economista, pós-graduado
em gestão empresarial e MBA em
marketing
1...,33,34,35,36,37,38,39,40,41,42 44,45,46,47,48,49,50,51,52
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