Revista ConstruChemical - Edição 32

ARTIGO REVISTA CONSTRU CHEMICAL 19 Vivemos um período de crescimento acelerado da população. Segundo a Organização das Nações Uni- das (ONU), a população mundial deve chegar a mais de 9 bilhões de pessoas em 2050; isso significa um au- mento de quase 2 bilhões de habitantes em menos de 40 anos. Além disso, estima-se que em 2025, 2/3 da população resida nos grandes centros urbanos, geran- do inúmeras consequências, como uma maior deman- da por energia, transporte, alimentação e infraestru- tura. Esse movimento deve causar um forte impacto na indústria da construção civil, exigindo um novo posicionamento. Só no Brasil, serão necessários 23 milhões de no- vas moradias até 2022, conforme estudo publicado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Entre os grandes desafios para o crescimen- to sustentável da indústria da construção civil está a ampliação da capacidade de produção, melhorando a qualidade, garantindo longa vida útil para as edifica- ções, sem aumentar custos e o consumo de recursos. Diferentemente de outras indústrias, a construção incorporou poucas inovações ao seu processo e con- tinua utilizando as mesmas técnicas há décadas. O método construtivo atual consome mais de 40% da energia produzida globalmente e contribui em 30% com a emissão de gases de efeito estufa, tornando-se o setor que mais consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva. A produtividade também é um ponto crítico. Esse cenário tem relação direta com a adoção mais lenta de sistemas construtivos inovadores, além da complexidade das normas e a regulamentação morosa para a aprovação de novas tecnologias. Sabemos que para aumentar a produtividade de forma sustentável é preciso planejamento, investimentos e esforços pré- vios direcionados. O mercado já vem oferecendo inovações tecnoló- gicas que permitem esse salto em produtividade, efi- ciência e sustentabilidade. Como exemplo, há aditivos superplastificantes que fazem a grande diferença entre as construções de hoje e as de 100 anos atrás: cons- truções modernas usam menos água. Essas moléculas de última geração aumentam a eficiência da hidrata- ção do cimento e reduzem o uso de água em cerca de 40% em relação aos aditivos convencionais, além da redução do consumo de cimento. Essa porcentagem se torna ainda mais relevante se observarmos que a água é o segundo insumo mais utilizado depois do cimento que, por sua vez, é uma das grandes fontes de liberação de CO2 na atmosfera. Esses aditivos inovadores produ- zem um concreto de melhor qualidade, durabilidade e resistência. Com isso, há aumento na produtividade, eficiência da obra e redução de custos, inclusive de ma- nutenção. Materiais construtivos que promovem isolamento térmico, pigmentos frios que refletem o calor do sol, tintas para fachada que repelem a sujeira e não preci- sam ser lavadas, pisos drenantes que possibilitam o re- aproveitamento da água, pisos de alto desempenho que dispensam manutenção frequente, enfim, são inúmeras soluções que já estão disponíveis para melhorar a ecoefi- ciência e durabilidade das construções. A melhoria na gestão das empresas, a utilização de processos construtivos industrializados, elevação da pa- dronização de produtos, uso de tecnologia e a qualifi- cação de mão de obra são mudanças positivas que aos poucos têm sido adotadas pelo setor. O desafio está lan- çado em prol de uma sociedade mais eficiente e de uma melhor qualidade de vida. * Gisela Pinheiro, vice-presidente de Materiais e So- luções Funcionais da BASF para a América do Sul Produtividade e sustentabilidade: as alavancas para a construção civil

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