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REVISTA
CONSTRU
CHEMICAL
65
artigo
derando-se a mesma condição de
uso e de agressividade biológica.
Nos dias de hoje, em que a preo-
cupação com o meio ambiente e
com as mudanças climáticas do-
mina as discussões que ocorrem
nos fóruns de âmbito mundial, a
Análise de Ciclo de Vida (LCA),
principal ferramenta usada na afe-
rição da sustentabilidade de um
material, comprova as vantagens
ambientais das construções de ma-
deira sobre alternativas como aço,
o concreto e o PVC. Na produção
desses materiais é muito grande
o consumo de energia e de água,
além do potencial contaminante
particularmente elevado, no caso
do PVC. As árvores convertem em
madeira o dióxido de carbono da
atmosfera, contribuindo para a
redução do aquecimento global,
sendo, desta forma, o maior con-
centrador de carbono do planeta.
Outro fato a ser destacado é que,
atualmente, existe uma crescente e
importante preocupação do setor
industrial da construção em es-
pecificar e utilizar materiais com
adequado tratamento dos resíduos
produzidos em canteiros de obras
e até mesmo após o produto ter
cumprido a finalidade a que se
destina, mesmo depois de anos em
serviço. Portanto, madeiras pre-
servadas, assim como madeiras
industrializadas, contêm produtos
que devem receber tratamento es-
pecífico para destinação de resídu-
os. A madeira preservada oferece
alternativas que respondem aos
anseios dos usuários atentos às
questões de segurança ambiental,
reforçando suas qualidades como
material construtivo de inigualável
valor. As alternativas consistem
no emprego de critérios técnicos
adotados em toda cadeia de pro-
dução. As usinas de preservação
de madeiras devem preocupar-se
com o atendimento dos pedidos,
conforme padrões e dimensões de
uso na obra, evitando desperdí-
cios de material sólido nesse local.
A usina de preservação
de madeira deve também
prestar todo esclarecimen-
to ao usuário, de forma a
minimizar a geração dos
resíduos e indicar a ma-
neira de tratá-los de forma
segura. A reutilização de
resíduos e transformação
em novos produtos é uma
importante resposta técnica
e econômica, reduzindo o
impacto na destinação para
aterros industriais e contri-
buindo para a conceituação
ambientalmente amigável.
Investimentos estão sendo
conduzidos pela Montana
Química S.A. em pesquisas
com a USP (Universidade
de São Paulo) de São Carlos
- Lamem (Laboratório de
Madeiras e de Estruturas de
Madeiras), para utilização
de resíduos de madeira pre-
servada na produção de pai-
néis (chapas coladas), dando
origem a um novo produto de apli-
cação comercial. Vale destacar que
o Sinduscon-SP, juntamente com a
Cetesb e outras entidades parce-
rias, elaborou uma cartilha sobre
“Gerenciamento de Resíduos de
Madeira Industrializada na Cons-
trução Civil”, que contém infor-
mações sobre a condução adequa-
da na destinação desses resíduos.
Espera-se que com esses fatores,
aliados à diminuição nas novas ge-
rações dos preconceitos de nossos
antepassados ao uso da madeira,
se possa ter a curto e médio pra-
zo uma mudança radical do cená-
rio que vem persistindo há muitos
anos. Esperamos que no Brasil a
Revolução Ambiental (séculos XX
e XXI) seja a mola propulsora do
uso sustentável, com uso intensivo
da madeira de reflorestamento na
construção civil. Os ingredientes
estão todos aí e são francamen-
te favoráveis. Basta apenas que os
atores envolvidos não esmoreçam
e continuem na luta.
Humberto Tufolo Netto é diretor comercial da
Montana Química S.A.