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Construtechs: como a tecnologia vai impactar a construção civil em 2020?

17/12/2019 - 16:12

Por Wanderson Leite*

A construção civil é como uma grande engrenagem. Em uma obra, estão envolvidos diversos setores: metalurgia, indústria do aço, plástico, concreto, cerâmica, vidro e até do petróleo, para garantir o funcionamento de máquinas movidas à combustível. Se qualquer um deles vai mal, todo o setor é impactado.

Em tempos de crise, como a que o Brasil viveu nos últimos anos, vimos a construção civil desacelerar o passo. Com menos pessoas aptas a fazer um investimento de grande porte, como a compra de um imóvel, e sendo mais conservadoras em relação ao seu dinheiro, construtoras tiveram que repensar as estratégias e se reinventar. Nesse contexto, e também impulsionadas pela Indústria 4.0, surgiram as construtechs, empresas com soluções tecnológicas para a construção civil com o objetivo de baratear o produto final.

Um novo impulso de tecnologia acelerou o setor. A qualidade dos materiais melhorou, o processo se tornou mais rápido e tudo isso possibilitou uma redução de custos tanto para as construtoras quanto para o cliente final. Com steel frame (aço compondo a estrutura da casa), por exemplo, foi possível trabalhar com artigos mais acabados e diminuir a mão-de-obra. Com softwares de inteligência, foi possível planejar o uso dos materiais e o desperdício se tornou praticamente inexistente. Ou seja, quando a indústria avança, a construção civil caminha da mesma forma.

Entretanto, enquanto cada setor buscava se aprimorar, o modelo de negócio da construção permanecia o mesmo. Quem constrói hoje tem uma dificuldade enorme de conseguir orçamentos, não sabe quais produtos precisa, nem a quantidade necessária. E, para conseguir essas informações, ainda é muito demorado.

É preciso mais transparência no diálogo entre as construtoras, o comércio, a indústria e os clientes e, assim, agilizar o processo. O setor precisa ser mais acessível, tanto financeiramente quanto no sentido de informação. Muitas vezes, as empresas têm a impressão de que o mercado está parado porque não veem mais o cliente entrando pela porta para fazer o orçamento, não entendem que essa relação mudou.

Hoje, o consumidor quer agilidade e qualidade. Quando pedimos um carro por aplicativo, por exemplo, estão disponíveis todas as informações do carro, do motorista, o valor da viagem. É isso que o cliente da construção civil quer e não está encontrando no mercado. Ele quer que a empresa venha até ele e mostre que é de confiança.

As necessidades dos consumidores mudaram. Nem todos têm o sonho da casa própria. Muitos não querem mais uma casa gigante, preferem um apartamento. As famílias estão menores. Há quem prefira a locação do que a compra. As prioridades estão mudando e as empresas precisam se transformar também.

Por isso, acredito que a principal tendência para os próximos anos é a integração da construção civil, visando torná-la mais autossuficiente e ágil. Nesse sentido, a Prospecta Obras, plataforma que mapeia todas as obras em construção no país, age democratizando a informação, unindo oferta e demanda em um só lugar.

Não acredito que a construção civil será completamente automatizada, mas parte do processo pode ser digital. Acho também muito difícil que um imóvel chegue a ser construído só por máquinas. É preciso um toque humano. A construção civil é de humano para humano - e isso sempre vai existir. A tecnologia só vem para somar. E que venha 2020!

*Wanderson Leite é formado em administração de empresas pelo Mackenzie e fundador das empresas ProAtiva, app de treinamentos corporativos digitais, ASAS VR, startup que leva realidade virtual para as empresas e escolas; e Prospecta Obras, plataforma de relacionamento do segmento de construção civil.

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