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Concrete Show Xperience encerra sua primeira edição com mais de 23 horas de conteúdos exclusivos

27/11/2020 - 10:11

Fechando a grade de programação deste último dia de evento 100% virtual, temas como a crescente tendência por pisos industriais no setor, novidades em regulamentações e inovações em pavimentos de concreto em rodovias ganharam destaque

O Concrete Show Xperience encerrou uma programação exclusiva de mais de 23 horas de conteúdos técnicos, totalizando 24 painéis com a participação de mais de 40 profissionais do setor e dois keynotes speakers internacionais.

A experiência online foi um sucesso ao atingir o seu objetivo principal de manter aquecido o mercado da construção e oferecer conhecimento para os profissionais ligados às empresas de sistemas para construção civil, construtoras, empreiteiras e de toda a cadeia do cimento e concreto.

Entre os destaques deste último dia de programação, a questão da utilização de pisos industriais de concreto com placas de grandes dimensões veio à tona, algo considerado tendência do setor atualmente. Quem falou mais sobre isso foi o diretor técnico de concreto da Associação Nacional de Pisos e Revestimentos (Anapre), Breno Macedo Faria.

Para ele, além de ser uma tendência em ascensão, este modelo também oferece vantagens competitivas às indústrias, frente a outros tipos de pisos de concreto disponíveis no mercado. "São inúmeros benefícios, entre eles podemos destacar a baixa necessidade de manutenção, tanto para o piso em si quanto para os equipamentos que nele transitam, como empilhadeiras, já que por ser um piso maior, faz com que a estrutura, depois de pronta, tenha menos juntas - ou seja, menos oscilações -, resultando em um piso mais uniforme, com menor impacto nos equipamentos", comentou.

Para garantir um projeto bem feito e um resultado satisfatório é necessário superar alguns desafios, aponta o especialista. "O primeiro ponto a ser observado é a necessidade de se ter um reforço estrutural, isso porque uma placa de grandes dimensões implica, automaticamente, em maior retração. Outro foco de atenção deve ser o terreno onde o produto será instalado, que deve ser cuidadosamente avaliado para verificar possíveis deformações naturais e o comportamento frente a este tipo de piso, evitando assim que o produto venha a sofrer fissuras ou danos", completou.

Manutenção e boas práticas de construção fazem a diferença em edificações

Outra apresentação de destaque no terceiro dia de Concrete Show Xperience foi a que recebeu os irmãos Alexandre e Carlos Britez, ambos engenheiros e especialistas no setor, que abordaram o tema "Manifestações patológicas e boas práticas da construção: tudo o que você precisa saber".

Dando início à palestra, Carlos explicou o conceito de patologia na construção. "Quando nos deparamos com uma manifestação patológica na área da construção significa que o problema identificado pode ter diversas causas ou razões. Basicamente, o que ocorre é o seguinte: identificamos alguma manifestação/ problema em uma edificação, fazemos uma série de avaliações para saber a origem do mesmo e, então, realizamos ensaios/ testes para refutar ou confirmar hipóteses. Somente assim, podemos partir em busca de uma solução", comentou.

Alexandre ressaltou que, para isso, dispor de conhecimento técnico é crucial. "De nada adianta falar de manifestação patológica a um profissional que não sabe o que fazer ou como resolver o problema. Se ele não conhece o setor ou o empreendimento em si, não adianta nada. É muito fácil afirmar que uma fissura, por exemplo, é causada por isso ou aquilo sem ter certeza de fato. De nada adianta falar de manifestação patológica a um profissional que não sabe o que fazer ou como resolver o problema. Se ele não conhece o setor ou o empreendimento em si, não adianta nada.

Na sequência, o assunto passou às boas práticas da construção, com base nas regulamentações mais recentes do setor neste sentido. "Entre elas, destaque para a Norma Brasileira 16.747, uma das mais atuais, publicada neste ano. Na prática, esta é uma norma que trata sobre inspeção predial: diretrizes, conceitos, terminologias e procedimentos", disse Alexandre.

Revisão da NBR 6.118: a visão dos especialistas

O tema "normas" foi pauta também da palestra do diretor adjunto de normas técnicas da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE), Alio Kimura. O executivo participou do Concrete Show Xperience com o desafio de falar sobre a revisão atual da Norma Brasileira 6.118, que trata de projeto de estruturas de concreto. A norma já existe há 80 anos, sendo que a última atualização aconteceu em 2014.

A expectativa é que o texto revisado seja publicado em 2021. "As revisões não devem trazer novidades de grande impacto, apenas ajustes e melhorias pontuais", disse Kimura, explicando que o processo de revisão da norma é realizado por um grupo de trabalho que envolve a ABECE, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON).

Segundo Kimura, ao longo dos últimos dois anos foram recebidas 163 sugestões de melhorias para diversos pontos do texto normativo. Destas, mais de 90 já foram analisadas e deliberadas. Entre os itens que devem sofrer modificações estão: avaliação de conformidade do projeto; estruturas de nós fixos e móveis; consideração aproximada da não linearidade física e da simbologia do comportamento do conjunto de materiais.

A data limite para o recebimento de sugestões é dia 31 de dezembro. "É uma norma que necessita ser revisada constantemente por tratar de um tema - projetos de estruturas de concreto - muito abrangente e em constante evolução. E isso não acontece apenas no Brasil, mas no mundo todo", ressaltou Kimura.

Pavimento de concreto é viável na relação custo x benefício?

Para fechar o ciclo de conteúdos exclusivos do Concrete Show Xperience na tarde desta quinta, 12, foram abordados aspectos da viabilidade técnica e econômica do pavimento rígido de concreto em rodovias. A temática foi apresentada pelo diretor da Marcílio Engenharia, Marcílio Neves, e mediada pelo engenheiro de projetos da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Fernão Dias.

O engenheiro da ABCP destacou que o pavimento rígido de concreto tornou-se, nos últimos anos, uma solução viável e com custos competitivos de execução e manutenção. "É um sistema construtivo de alta durabilidade, que deve ser estudado e contemplado pelos órgãos públicos e concessionárias nos projetos de estradas e rodovias. O que resultaria em mais investimentos na ampliação da nossa malha rodoviária, porque o custo de manutenção seria menor".

Segundo Neves, que é especialista em projetos rodoviários em pavimento de concreto, o que está viabilizando as obras com o pavimento rígido são dois fatores principais: os aumentos constantes dos preços de materiais asfálticos nos últimos cinco anos e os estudos técnicos e econômicos de alternativas. "A comparação entre os projetos de pavimento rígido (concreto), flexível (asfáltico) e o semirrígido (categoria intermediária que mescla os dois) é o único meio de estabelecer, sem dúvidas, a melhor alternativa".

Ele aponta que o determinante para os estudos de qualquer pavimento é o dimensionamento correto da carga dos caminhões que trafegam na rodovia. "É preciso que o cálculo seja feito com base nas pesagens reais dos eixos, realizadas nos trechos da rodovia. Este número pode variar muito, portanto, não podem ser utilizadas apenas estimativas baseadas na carga máxima legal permitida".

Como exemplo de caso de sucesso de rodovia brasileira que aderiu o pavimento de concreto, Neves mencionou os trechos da BR 163, entre os municípios Itiquira (MT) e Sinop (MT), da concessionária Rota do Oeste. Ele afirmou que o pavimento rígido tem ganhado preferência nas rotas do agronegócio, em razão do tráfego intenso e pesado de caminhões. Em números, o especialista apresentou uma tabela atual de um projeto de rodovia na região Sul. "No estudo, o custo do pavimento flexível ficou em R$ 520 milhões contra R$ 404 milhões do rígido. E a projeção de gastos com manutenção pelo período de 30 anos, foi de R$ 281 milhões do pavimento de asfalto contra a R$ 25 milhões do pavimento em concreto".

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