Page 10 - 08

Basic HTML Version

REVISTA
CONSTRU
CHEMICAL
10
ENTREVISTA
postas de setores que precisavam
ser melhoradas. A primeira de-
las, que o governo já adotou, foi
a desoneração de PIS/Cofins da
primeira e segunda geração pe-
troquímica. Hoje, por exemplo,
quando a Braskem compra nafta
da Petrobras ou quando ela impor-
ta essa matéria-prima para usar
na fabricação de eteno, propeno e
outros químicos básicos, ela tem
desoneração desses impostos, pa-
gando 1% e creditando 9,25%. Este
era um dos pleitos que nós mais
discutíamos e queríamos que o go-
verno adotasse, porque a matéria-
-prima representa, em média, 70%
do custo da indústria química.
Para podermos melhorar a ques-
tão da ociosidade no curto prazo,
teríamos que ter algum alívio nes-
se custo. Essa medida foi adotada e
publicada no dia 7 de maio e está
gerando muita expectativa. Agora,
ela sozinha não é suficiente.
Revista
ConstruChemical
-
Quais outros avanços precisamos
ter ainda?
Fátima Giovanna -
Ainda no
campo das matérias-primas, que
tem grande representatividade no
setor, temos a questão da preci-
ficação do gás natural, que é ou-
tro pleito da mais alta relevância.
Hoje, temos umas 20 empresas que
usam gás para fabricar produtos
químicos e, para esses casos, ele
não pode custar o que custa hoje,
que é muito caro em relação aos
nossos competidores. Nesse caso,
o governo estabeleceu um prazo
até dezembro para apresentar uma
solução. Isso também deve dar
um alívio considerável. Saindo do
campo das matérias-primas, nós
temos um pleito para que o gover-
no adote um regime especial para
atração de investimentos. A ideia,
neste caso, é reduzir PIS/Cofins e
IPI da compra de bens de capital
e serviços.
Revista ConstruChemical - Essas
medidas vão atrair novos investi-
mentos?
Fátima Giovanna -
Sim, aqui nós
temos 30% a mais no custo que se
teria em outro país. Então, é preci-
so desonerar para atrair os inves-
timentos. O Brasil precisa aumen-
tar a capacidade, embora esteja
trabalhando a baixa carga, mas no
futuro, se quisermos reduzir im-
portação, melhorar essa questão
do déficit na balança comercial e
aproveitar os recursos que o pré-
-sal vai proporcionar para o País, é
preciso investir.
Revista ConstruChemical - Para
o gás, por exemplo, não existe ou-
tra alternativa?
Fátima Giovanna -
Estou falan-
do do uso do gás como matéria-
-prima e não da questão dele como
energia, que também é muito caro,
Nesse caso ele não tem substituto,
a partir do momento em que se fez
um investimento em uma unidade
produtiva não se tem outra alter-
nativa viável senão o uso do gás
natural. Assim, para a Abiquim,
desonerar investimentos é uma
questão fundamental. Primeiro se
desonera o custo da matéria-pri-
ma, elevamos a capacidade, e ao
elevar essa capacidade, aumenta-
-se os investimentos.
Outra medida é o estímulo às
empresas que utilizam matérias-
-primas renováveis, como etanol e
biomassas de modo geral. As pró-
prias empresas, naturalmente, têm
um custo muito maior de pesquisa
e desenvolvimento antes de come-
çar a operar. Dessa forma, a Abi-
quim também pleiteia que elas te-
nham algum tipo de estímulo para
continuar operando e até para re-
embolsar parte dos investimentos
que já foram feitos.
Ainda dentro das propostas do
Conselho de Competitividade, é o
REIQ Inovação (Regime especial
para a Indústria Química), onde a
ideia é desonerar as empresas que
produzem a partir de matérias-
-primas renováveis e, em troca,
essas empresas investem uma par-
cela do benefício recebido em ati-
vidades de P&D.
Revista ConstruChemical - E
quais as medidas a serem tomadas
no médio prazo?
Fátima Giovanna -
Essas seriam as
medidas estruturais de curto prazo,
para tirar a indústria química des-
sa situação de desconforto em que
ela se encontra. Agora, para médio
prazo temos também outras ques-
tões, como o transporte de produ-
tos químicos por ferrovia, porque
hoje a maior parte desse transporte
ocorre por meio de caminhões, o
que, além de onerar o frete, tam-
bém gera riscos. Além da logística,
tem ainda a questão de uma agenda
tecnológica mais estratégica, por-
que a química se baseia em desen-
volvimento, em inovação. E, hoje,
os nossos investimentos em ino-
vação são muito baixos, o que re-
presenta 0,7%da receita líquida em
P&D. Nos Estados Unidos, para se
fazer uma comparação, esse índice
é de 1,5%, enquanto na Europa fica
entre 2% e 2,5%, e no Japão é 4%.
Revista ConstruChemical - Exis-
tem outras questões que também
devem surtir um bom impacto no
setor?
“Ninguém discorda que daqui a dez anos o Brasil será
autossuficienteempetróleo,emuitoprovavelmenteemgás.
Assim,sefazimportantecriarumaponteentreasituaçãoatual
eafutura,formandoumambientesaudávelparachegarmos
nesse futuro”